quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Igualdade Racial

Na sociedade brasileira, sempre se teve, ao longo do tempo, o discurso das elites e de muitos governantes que vivíamos em uma democracia racial, onde não havia descriminação devido a raça das pessoas.
Este discurso procurava e ainda procura mostrar que tanto as pessoas de cor branca como as de demais raças teriam as mesmas oportunidades e qualquer diferenciação só ocorreria devido à desigualdade social, como se tal desigualdade fosse algo natural.
Bem, nós, afro-brasileiros(as), sabemos o quando este discurso é falso, pois no dia a dia, sentimos o preconceito pela cor de nossa pele, que podem se ocorrer, de forma direta e velada, como no caso de algumas abordagens da Polícia, no tratamento em órgãos públicos e na seleção de empregos de muitas empresas e na falta de respeito as expressões religiosas e culturais de origem africana, como o candomblé, maracatu e afoxé.
Em outros momentos, observamos o preconceito de forma sutil, seja pela forma de olhar, numa piadinha “sem malícia”, na forma do se fazer referência a uma pessoa negra, bem como em determinadas expressões de nossa língua, onde branco é tudo de bom e negro representa o que é mal, como exemplo, “denegrir a imagem”.
Observamos que há a necessidade urgente da superação da descriminação racial contra a população negra brasileira, buscando a garantia de reais direitos igualitários de oportunidades para todos(as) brasileiros(as) , reparando todo processo constituído durante o período da escravidão que permanece até os dias atuais.
O Estatuto da Igualdade Racial, aprovado recentemente na Câmara dos Deputados e que agora passará pela análise do Senado Federal, apresenta poucos avanços no caminho de mudanças estruturais em uma sociedade de raíz escravagista, onde temos uma elite racista e preconceituosa.
O Estatuto aprovado não garante, por exemplo, a política de cotas nas universidades e meios de comunicações, bem como não reconhece os direitos de territórios quilombolas, assim como não obriga o Estado e o setor privado cumprir suas determinações.
Verifica-se, então, que o Estatuto não irá proporcionar mudanças concretas na vida da população negra, devido as suas limitações, decorrente de um Congresso formado em grande maioria de pessoas de origem não negra e defensores de previlégios para a elite.
Compreendo que a população afro-brasileira necessita continuar sua luta pelo reconhecimento de seus direitos, exigindo o respeito no dia a dia.
A luta por igualdade racial no Brasil continua necessária e urgente, onde as práticas racistas não devem ser aceitas em nenhuma esfera da sociedade, devendo haver valorização da história, cultura e religiões da população negra, continuidade do combate as descriminações raciais por parte de qualquer pessoa ou instituição.

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