quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quem servir?

A Igreja Católica juntamente com outras igrejas de doutrinas cristãs lançaram, recentemente, a Campanha da Fraternidade de 2010 cujo tema é “Economia e Vida” e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”, que, no meu entendimento, possibilita uma discussão sobre questões de interesses de qualquer pessoa, independente de professar uma religião ou não.
Compreendo que o assunto levantado pela Campanha da Fraternidade de 2010 envolve o debate, que, caso se deseje, possibilita uma reflexão aprofundada sobre a atual situação que se encontra a humanidade, diante as mazelas provocadas pelo capitalismo.
Neste sentido, entendo que a Campanha da Fraternidade realizada pela Igreja Católica e as demais igrejas cristãs deveria apontar para o aprofundamento da análise das relações no sistema capitalista, buscando indicando caminhos para extinção as diversas formas de exploração e exclusão social, pois caso contrário, se tornará superficial, não alcançando a raiz estrutural da problemática questão.
O dinheiro faz parte da vida das pessoas, estando presente na história da humanidade, diante das transformações provocadas nas relações sociais a partir de seu surgimento como instrumento de troca de mercadorias em substituição aos produtos utilizados anteriormente nos intercâmbios comerciais.
Historicamente, o dinheiro surgiu como com o aparecimento da propriedade privada e a divisão da sociedade em classes sociais, levando a ruptura do trabalho coletivo, onde os bens e ganhos eram partilhados com os membros da comunidade.
A função social do dinheiro como base nos intercâmbios comerciais foi sendo colocado em segundo plano, devido ao processo de acumulação de bens realizado por grupos privilegiados, que se consolidou ao longo do tempo, havendo sempre o conflito de exploradores e explorados, representados pelos escravos de antigamente e pela classe trabalhadora da atualidade.
Nos dias atuais, com a sociedade globalizada se observa que o capitalismo vem mantendo sua rede de exploração e acumulação de bens, como ocorre com os lucros obtidos pelo setor financeiro, apesar da crise mundial da economia, enquanto milhares de pessoas permanecem excluídas sociailmente.
O fato de se ter dinheiro significa a oportunidade de efetuar a aquisição de produtos e mercadorias, e, logicamente, acumulando bens, gerando um consumismo excessivo que provoca o uso irracional dos recursos naturais e degradação do meio ambiente, colocando em risco a própria humanidade.
Infelizmente, muitas pessoas ainda se baseiam na posse do outro para manter um relacionamento ou tratar preferencialmente ou com maior delicadeza, indicando como o dinheiro é uma forte barreira social, que gera processos descriminantes para aqueles que não se encontram incluídos socialmente.
Há pessoas que idolatram o dinheiro e o consumo, esquecendo da necessidade de viver em harmonia e paz com seus semelhantes, dando maior importância ao ter do que ao ser, e, muitas vezes, não possui limite para o enriquecimento pessoal.
Mesmo não sendo um profundo conhecedor das diversas crenças existentes no planeta, compreendo que todas elas pregam o amor as pessoas e o respeito a natureza, logo a fé que se tenha em um DEUS ou em DEUSES obriga qualquer ser humano avaliar o relacionamento mantido com o dinheiro, evitando que na prática haja a falta de compromisso com os princípios de qualquer religião, seja o cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo, espiritismo, candomblé, umbanda, entre outras.

Fonte pesquisa: A Origem do Dinheiro, de Jozsef Robert, Coleção Universidade Popular da Global Editora.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Blog de Ademir Damião: Carnaval:Diversidade cultural e máscara social

Blog de Ademir Damião: Carnaval:Diversidade cultural e máscara social

Carnaval:Diversidade cultural e máscara social

Chegou o carnaval! Para uns, momento de descanso e lazer, longe dos festejos e para outros, momento de plena alegria e animação, curtindo os momentos de folia e animação. Certamente, cada pessoa que acompanha este blog, tem sua opção para o período carnavalesco, a partir da formação familiar, religiosa ou do estilo de vida.
Encontro-me entre aquelas pessoas que curtem o carnaval, decorrente do aprendizado com meus pais que sempre levavam os filhos, quando crianças, para presenciar a apresentação das agremiações nas ruas do Recife, porém saliento que minha participação fica muito mais no olhar a folia, devido minha pouca habilidade para encarar os passos do frevo e das demais manifestações do período.
Compreendo que o carnaval representa uma oportunidade para expansão da cultura e criatividade popular, através dos blocos, das músicas, das fantasias, entre outros, indicando uma riqueza de criatividade, decorrente da diversidade da formação do povo brasileiro, que, historicamente, sofreu com a descriminação das elites.
O período carnavalesco nos mostra a importância da cultura popular, que deve ser permanentemente valorizada pela sociedade brasileira e seus governantes, possibilitando que esta riqueza cultural não corra risco de cair no ostracismo e seja transmitida para futuras gerações, que possam dançar o frevo, maracatu, afoxé, caboclinhos, samba, bem como aquelas que são desenvolvidas no restante do ano, como a ciranda, mazurca, pastoril, coco de roda, entre outras expressões de tal cultura.
A cultura popular se encontra nas ruas durante o carnaval, mostrando que a folia não acontece sem a presença e participação efetiva do povo, que sabe como festejar e manter a tradição, como se observa em diversas cidades brasileiras, cada uma com sua especificidade e características culturais.
Compreendo que não cabe apontar que cidade faz o melhor carnaval, pois não há comparação entre as diversidades culturais brasileiras, só podendo ser registrado que observamos um maior investimento de algumas gestões municipais durante o período carnavalesco, como ocorre em Recife nos últimos anos, ampliando o brilho da participação e cultura popular na folia.
Apesar da importância cultural do carnaval, não se pode esquecer que o período carnavalesco é o momento para muitos esquecerem, momentaneamente, sua dor decorrente da exploração capitalista, se divertindo nas ruas, onde, lado a lado com outras pessoas de melhores condições sociais, dançando e cantando numa mistura não vista em nenhuma outra ocasião.
Essa mistura é uma máscara social, já que, no máximo, só duram 04 dias e na primeira oportunidade dentro da própria folia, se observa a separação das classes, sempre favorecendo aqueles que os mais poderosos, semelhante ao dia a dia, onde, geralmente, as pessoas que mais sofrem são aquelas da raça negra, mostrando que o preconceito social e o racial se encontram enraizados na sociedade.
Como vivemos numa sociedade machista, se observa, também, a exploração do corpo da mulher durante o carnaval, seja nas fantasias, nas músicas e nas propagandas comerciais, apelando ou induzindo para o sexo, mostrando a necessidade de se rever esta prática, já que para construção de uma sociedade justa não se pode aceitar qualquer forma de exploração.
Bem, apesar destas questões, compreendo que o carnaval tem ainda com maior ganho a participação e presença popular, aonde as múltiplas culturas brasileiras vão para as ruas, com demonstração de alegria e espontaneidade de um povo que sofre as mazelas capitalistas, mas sabe se diverte muito bem, superando as diversas formas de preconceitos e descriminações.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A importância de ações individuais e coletivas para preservação ambiental

A preservação do  meio ambiente necessita da convergência de esforços, garantindo, através de ações individuais e coletivas, condições para que os seres humanos continuarem, no futuro, usufruindo dos recursos naturais e possam sobreviver no planeta. 
Se olharmos para nossas práticas atuais, poderemos afirmar, categoricamente, que estamos realizando a convergência de esforços para preservação ambiental?
Que ações coletivas apontam neste sentido?
E, individualmente, que vem sendo realizado por cada um ou uma de nós para preservação dos recursos naturais?
Esta reflexão necessita ser realizada permanentemente por cada pessoa, se vendo como parte do processo de preservação ambiental, buscando soluções sustentáveis em qualquer esfera de atuação, seja família, escola, trabalho, lazer, entre outras, pois as pequenas práticas podem servir de exemplos para mudanças de hábitos enraizados na sociedade.
Os exemplos de práticas individuais contribuem para construção das ações coletivas, servindo para ampliar os resultados de trabalhos educativos, fundamentais para conscientização e mobilização de grupos sociais, logo é importante investir em tais trabalhos, que devem ser norteados pelo envolvimento dos participantes nas etapas de sua execução.
Aqui não se defende a individualidade egoísta decorrente do capitalismo, mas que cada pessoa possa ser sujeito na luta pela preservação ambiental, e, naturalmente, esteja envolvida em práticas coletivas tanto locais como globais, lembrando que qualquer mudança estrutural se encontra condicionada a construção de uma nova relação social entre as pessoas.
Esta nova relação passa pelo respeito ás diferenças, ultrapassando as barreiras do preconceito e descriminação, superando a idéia de superioridade e domínio entre de uma pessoa sobre outra, pois só assim que o se verá o meio ambiente como pertencente a toda humanidade e não propriedade privada de determinados grupos.
A avaliação de práticas passadas e as realizadas nos dias atuais não apresentam um bom indicativo para o futuro, porém, há confiança que a consciência individual e a consciência coletiva sejam ampliadas, porque do contrário, estaremos correndo sérios riscos de termos a extinção do planeta e, logicamente, da humanidade.
Neste sentido, registro um pensamento de Dom Helder Câmara que dizia: "Basta que um botão erre de casa para que o desencontro seja total", logo o erro de uma pessoa ou de um grupo pode ocasionar conseqüências para todos nós, havendo, portanto, a necessidade da participação dos diversos segmentos sociais na construção de soluções para demanda ambiental que nos envolve.
Finalizando, ressalto que qualquer demanda ambiental só será solucionada se incluir aqueles menos favorecidos e mais fragilizados diante as mazelas do sistema capitalista, já que as questões do meio ambiente não se encontram dissociadas das demais questões da sociedade, logo as ações individuais e coletivas devem contribuir com o combate das formas de exclusão social

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A construção do diálogo contra a ditadura do saber

No último material aqui postado, usei o termo “ditadura do saber” para mostrar como algumas pessoas que possuem conhecimentos teóricos menosprezam os conhecimentos práticos de outras pessoas com menor grau de escolaridade.

Naturalmente, que este tema causa é polêmico, mas torna necessário ser visto com profundidade em qualquer relação humana, pois sempre temos o risco de cair em uma armadilha onde queremos impor nossos conhecimentos sobre outras pessoas, sem respeitaras limitações de quem estamos realizando interlocução.

A forma de escapar da armadilha se encontra centrada na idéia de escutar, que é um grande aprendizado, pois, geralmente, somos educados para falar e não temos a paciência de ouvir outras idéias, principalmente se são contrárias as nossas, onde, de imediato, queremos nos contrapor, sem, ao menos, avaliamos o que foi apresentado.

O combate a “ditadura do saber” se inicia pela constatação que ninguém é dono da verdade, já que o que verdadeiro para uma pessoa pode ser falso do ponto de vista de outra, conforme seus conceitos, hábitos e costumes.

Compreendo que a base da “ditadura do saber” passa pela concepção da verdade única de determinadas pessoas, que não aceitam o contraditório, principalmente, quando surgem de pessoas de grau de escolaridade inferior, se tornando intolerantes e autoritárias.

Reconheço que para algumas pessoas se torna difícil aceitar esta situação, já que as mesmas se encontram ainda na casa grande e teimam em manter aqueles de menor escolaridade ou de menores condições sócio-econômicas lá na senzala, caso seja feita uma comparação com o período da escravidão.

A superação das diferenças intelectuais entre as pessoas deve ser mantida em qualquer estágio de relacionamento, porém não deve se criar falsos diálogos, onde os possuidores de conhecimentos teóricos se omitem, querendo transparecer a idéia que estão garantindo o espaço para demais pessoas, o que não é verdadeiro e construtivo.

Neste caso, a omissão representa mais uma faceta dos possuidores de conhecimentos teóricos, que na realidade querem, posteriormente, mostrar que um processo deste tipo não tem validade.

A conquista do consenso não é algo fácil e rápido, porém representa o único caminho possível para que possamos ter uma sociedade sem vencedores e vencidos, ou seja, sem dominadores e dominados, já que qualquer dominação social representa a manutenção da situação que vivemos no momento e que, certamente, não vem trazendo resultados proveitosos para o futuro da humanidade.

O investimento no diálogo é o ponto inicial para que esta situação comece sofrer mudanças, onde os conhecimentos teóricos possam ser colocados frente a frente com os conhecimentos práticos, garantindo que as melhores idéias sejam assumidas por todos participantes de qualquer espaço de debate ou de construção coletiva.

A constituição de relações novas entre as pessoas dependem que consigamos construir uma convivência harmoniosa, onde os limites de cada um de nós não representem uma barreira, mas, ao contrário, um fator de agregação para um mundo novo.

Será que isto é possível ou é uma utopia?