terça-feira, 15 de novembro de 2011

Consciência Negra: O combate ao racismo no Brasil

Vivemos o mês de novembro, o qual é denominado de “Mês da Consciência Negra”, devido à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, ocorrida no dia 20 de novembro de 1695, sendo o mesmo um dos símbolos da resistência contra o preconceito racial e a escravidão no Brasil, lutando pela liberdade do povo negro.
O que nos traz os eventos que vem ocorrendo em todo Brasil durante este mês além das homenagens a Zumbi?
Atualmente, os eventos do “Mês da Consciência Negra” possibilitam uma reflexão sobre o racismo no interior da sociedade brasileira, fato negado pela elite e até por outros segmentos da sociedade, que até admitem a existência de barreiras sociais, mas rejeitam a existência do preconceito racial entre nós.
Até hoje, existem defesas da falada “democracia racial” no Brasil, o que foi negado pelo sociólogo Florestan Fernandes, o qual, em uma entrevista a um periódico da USP, afirmou que “que tal democracia é um mito, lembrando que a democracia significa, fundamentalmente, igualdade racial, econômica e política”, estágio nunca alcançado na história do povo brasileiro.
Apesar das tentativas de negação, é evidente que o racismo impera em nosso país, com as barreiras sociais sendo consequências do mesmo, pois a grande maioria da população excluída é de origem afro-brasileira, logo as ações de inclusão social devem ser acompanhadas do combate permanente as formas de preconceito racial que permeiam as relações humanas no Brasil.
A exploração capitalista implantada no Brasil manteve, historicamente, o modelo da “casa grande e a senzala do período colonial”, tanto na área rural como nos centros urbanos, observando-se que a elite composta em quase sua totalidade da raça branca mantêm os benefícios da “casa grande” nos centros urbanos, vivendo em áreas com boa infraestrutura e oferta dos serviços públicos de qualidade, enquanto que a população negra é mantida “na senzala”, vivendo em favelas, morros ou até mesmo dormindo sobre ponte ou marquises.
As ações afirmativas de governos de esquerda nos últimos anos em nível federal, estadual e municipal, como as políticas de cotas, o apoio às expressões culturais e religiosas afro-brasileiras e combate ao racismo institucional, entre outras, indicam uma mudança de rumo de alguns gestores públicos, contudo, constata-se que há um extenso caminho a ser percorrido que possibilitem que o povo negro possa viver com dignidade e respeito.
Compreendo que além das políticas públicas, torna-se, urgente, criar mecanismos de superação do racismo no interior da sociedade, já que o preconceito racial brasileiro possui a característica de se camuflar, como explicado por Florestan Fernandes, afirmando “que o tipo de racismo brasileiro veio do modelo de relação entre o negro escravo e o branco senhor e que, depois da abolição, a discriminação continuou acontecendo, mas foi ganhando, pouco a pouco, um caráter sutil e dissimulado”.
Neste sentido, observa-se que, em diversas ocasiões, a discriminação racial se expressa pelo isolamento social, piadas, apelidos, desconfiança no olhar, sendo verificado nos diversos segmentos sociais, incluindo escolas, mostrando que o racismo se encontra enraizado na sociedade brasileira e é praticado até por crianças.
Finalizando, compreendo que é fundamental se encontra mecanismos de combate ao racismo em qualquer espaço, pois, só assim, haverá condições de se construir uma sociedade mais justa para o povo brasileiro, tornando realidade a bandeira defendida por Zumbi dos Palmares e outros homens e outras mulheres ao longo de nossa história  até os dias atuais.

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