domingo, 7 de junho de 2015

Muito mais que a Semana do Meio Ambiente

Como em anos anteriores, diversas instituições públicas, privadas e não governamentais veem realizando, desde o dia 01 de junho, eventos comemorativos a “Semana do Meio Ambiente” (que em alguns casos se estendem por todo mês), já que no dia 05 de junho é celebrado o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, objetivando incentivar a ampliação de práticas voltadas à preservação ambiental.
Neste contexto, é interessante verificar se tal objetivo vem se concretizando, avaliando se ocorreram mudanças nas ações humanas no tocante ao relacionamento com meio ambiente, ou seja, se foram proporcionadas novas condições para um desenvolvimento sustentável no âmbito da sociedade a partir de eventos de anos anteriores.
De imediato, se observa que grande parte das instituições concentram seus eventos em prol do meio ambiente no mês de junho, só realizando, no restante do ano, eventos em determinadas datas específicas em cumprimento de um calendário oficial, não contribuindo assim com a mudança de práticas que garantam uma real sustentabilidade socioambiental.
Este quadro deixa evidente a falta de programa de educação ambiental em muitas organizações, notadamente naquelas do setor público, havendo, na realidade, a execução de ações pontuais e esporádicas, cujos resultados são incipientes, visto que não há uma prioridade política para o referido setor, prejudicando, portanto, o desenvolvimento de atividades permanentes que levem a transformação humana no tratamento das questões do meio ambiente.
A situação acima não possibilita a minimização dos problemas ambientais, já que a falta de ações educativas continuadas impedem a mudança completa de hábitos das pessoas e a ampliação da consciência tanto do ponto de vista individual e como coletivo no sentido do envolvimento de outros segmentos sociais, além das organizações não governamentais, na preservação do meio ambiente, através da inclusão do tema ambiental na agenda dos mesmos.
Não há como se pensar em defesa do meio ambiente sem que ocorra o combate das mazelas implantadas pelo capitalismo, entre as quais o consumismo e o individualismo, que provocam o uso inadequado dos recursos naturais e agressões ambientais, que provocam riscos para o futuro não só da natureza como também para própria humanidade.
Vê-se, então, a necessidade da abordagem das questões sociais e econômicas da sociedade entre as temáticas de cada programa ambiental, pois, caso contrário, não haverá a oferta de condições para o público alvo de determinada ação educativa rever posturas e se envolver concretamente na busca de mecanismos que contribuam para transformação de práticas coletivas no sentido do uso sustentável dos recursos naturais e transformação das relações humanas.
É importante ressaltar que a opção do “ter’ e não do “ser” proporciona um relacionamento doentio com o meio ambiente, visto a concepção de manutenção do status quo de uma elite social, através da ampliação dos bens econômicos, levando, inclusive, a apropriação insustentável dos recursos naturais, assim como a maioria dos seres humanos mantem um consumo desenfreado em busca de uma satisfação pessoal imposta por uma doutrinação capitalista.
Logicamente que não cabe afirmar que as pessoas não possam satisfazer seus desejos, porém não é aceitável que tal satisfação provoque colapsos ambientais, como se vê na atualidade no caso da crise hídrica, devastação de recursos florestais, extinção de espécies animais, lançamento e disposição inadequados de resíduos, emissão de poluentes, entre outros problemas que afetam o meio ambiente.
Entendendo que a preservação ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais dependem do envolvimento e participação de pessoas conscientes de seu papel na sociedade, logo as ações de educação ambiental devem contribuir para ampliação do nível de cidadania e que não será ocorrerá só com ações esporádicas como as realizadas na “Semana do Meio Ambiente”.

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